quarta-feira, 22 de junho de 2011

Chorar...

Era fim de tarde, chovia e fazia frio.
Eu havia acabado de voltar da minha última partida, eu havia mudado.
Foram quatro longos anos longe de você.
Eu contava cada segundo, cada minuto, pra chegar e te ver novamente.
Cheguei em sua casa, e você não estava, sua mãe disse que você havia saido, e não sabia pra onde havia ido.
Eu sai, andando pelas calçadas da rua, pensando, será que você me esqueceu? Será que não se lembra mais de mim??
O medo, a tristeza, iam consumindo o meu coração.
Decidi ir ao mesmo lugar, onde nós iamos quando queriamos fugir de tudo e todos.
Chovia, fazia frio, mas sentia liberdade, e isso era um sentimento que eu sempre senti, e você sempre soube respeitar.
Eu caminhei alguns metros, e me sentei embaixo da árvore, que sempre nos sentavamos.
Fiquei ali, sentada, pensando em você, lembrando de nós.
E comecei há ouvir soluços, e olhei, era você, sentando na beira do rio.
Você estava sozinho, encarava o céu cinza escuro.
Você me olhou, e então eu vi você chorar.
Me sentei ao seu lado, e em silêncio, miravamos o céu.
Se lembra, era fim de setembro.
Chovia, a janela embaçada, o ar quente na sala, o tapete, a brisa gelada.
Era a última vez, em tantas que faziamos amor.
Você me olhava, e me beijava, seu toque era macio e frio, eu te desejava tanto, que não me continha e as lágrimas de prazer escorriam em meus olhos.
E agora, ali ao meu lado, você, olhos baixos, chorando, eu te chamo, mas você mira o céu cinza, e me olha nos olhos, e eu vejo que ainda se lembra da hora em que te vi chorar.
Esqueça o passado, a partida.
Saimos dali em silêncio, caminhando sobre a chuva, nossos rostos molhados, e o silêncio é quebrado, por um beijo molhado.
Que saudades eu senti do seu beijo molhado, você me transmite felicidade, prazer, seu beijo é bom e quente.
O céu já não é mais cinza, agora nasce o sol.
Que bom, que ainda me ama, e que não se esqueceu de mim.
Agora na relva molhada, deitados, em silêncio nos olhamos, calados, miramos o céu azul, a brisa fria, em nossos corpos.
Eu sinto por ter ido, mas eu voltei, porque me lembrei do fim de setembro.

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